domingo, 8 de maio de 2011

Entrevista Parte II: Veja a seguir a segunda parte da entrevista com a professora Rosilei Justiniano da UnB

Professora  Rosilei Justiniano
A entrevista com a professora foi dividida em duas partes, veja a baixo as outras informações proporcionadas com essa entrevista.

15. Você como professora de língua espanhola, o que acha das obras literárias de Pablo Neruda?
"Eu já li aqueles "Vinte poemas de amor & Uma Canção desesperada", eu acho que pra quem gosta de literatura, pode ser tão interessante como outros, é muito pessoal, outras pessoas gostam de outras formas de expressão artística da língua, eu particularmente, não sou muito amante da literatura, eu gosto de atualidades, notícias, paródias, humor, filmes, teatro, e tudo isso usa muito a língua, faz parte da minha personalidade. A literatura precisa evoluir muito para o aprendizado da língua, na Universidade você a aprende de forma separada."

16. Com a chegada de vários eventos esportivos mundiais no Brasil, você acha que a língua espanhola estará em alta no país?
"Eu acho que estará em alta a necessidade da língua, tanto o espanhol como o inglês, os países que falam espanhol têm a tradição do futebol, então a necessidade da língua estará em alta, mas como ela será usada eu não sei, espero que seja melhor utilizada."

17. Qual a participação das civilizações antigas, (Maias, Incas e Astecas) na cultura hispânica?
"Eu acho que é uma questão de fusão, porque como foram povos que se juntaram, como existiam essas civilizações aqui, e vieram os espanhóis, uma cultura influencia a outra, então houve essa mistura, aliás toda a América, tem uma característica de mistura, somos o resultado disso, e a gente percebe isso na língua, na Bolívia há muitas palavras de origem de línguas incas e do maia também no México, inclusive palavras que são usadas mundialmente como tomate, chocolate são palavras de origem astecas. Estão presentes no vocabulário, na cultura, alimentos, a batata, o tomate, foram levados daqui para lá."

18. As civilizações antigas, a colonização da América, independência da América hispânica e o próprio espanhol são cobrados nos grandes vestibulares de Universidades Federais como a UnB, com sua opinião profissional, gostaria que você comentasse a importância do estudo destes conteúdos.
"Pelo que eu conheço das provas da UnB, as provas são integradas, em só um problema, você vê questões de português de física, matemática, história, etc. Nessa questão de acontecimentos históricos, é uma importância da disciplina de história, embora esteja relacionado com povos que falam o espanhol, não é uma importância linguística no caso do vestibular, nele,  ele quer saber se você sabe interpretar, vocabulário, estruturas."

19. O que você acha de trabalhar a música nas aulas de espanhol como instrumento de trabalho?
"Eu acho que a música como faz parte do dia a dia de todo mundo, é difícil uma pessoa não gostar de música, é um tipo de expressão artística que faz parte do popular, é uma coisa que relaxa, distrai e agrada. Toda atividade que é prazerosa é muito bem aproveitado para a aprendizagem, pela motivação e interesse. A música por esses motivos e entre outros eu acho muito positivo."

20. Em relação aos cantores que cantam em espanhol, qual você mais aprecia?
"Eu sou bem eclética, gosto de música de todo tipo, mas um cantor que eu aprecio são os populares, como a Shakira e vários outros."

21. A política dos países hispânicos é bem diversificada, há monarquia parlamentar, república, grandes ditadores, revolucionários, socialistas, capitalistas, qual a sua opinião em relação a isso?
"Cada política ela está de acordo com o contexto geográfico e histórico próprio de cada país, como a monarquia espanhola, e aqui na hispanoamérica, se olharmos eles têm muitas semelhanças pelo contextos da América Latina, então são circunstâncias. Todo sistema político ele pode melhorar, e eu não vejo de uma maneira muito simpática. Como você já morou na Espanha, eu já andei pesquisando, muitas pessoas questionam a família real, porque? Eu acho que a família real na Espanha, pelo que eu pude observar, essa rejeição de algumas regiões da Espanha, ela representa o Castellano e Leão, mas existem outras comunidades como Catalunha que têm outras línguas e eles têm interesses políticos diferentes, por isso essa rejeição, são tudo por interesses econômicos e políticos."

Mural dos alunos de Letras - Espanhol da UnB.
22. A culinária de tal cultura é bem diferente da nossa, quais os pratos principais e ingredientes marcantes?
"Então, os ingredientes são aqueles de acordo com a região, com o clima, por exemplo aqui na América do Sul, na Bolívia, eles produzem ingredientes típicos, existem muitos pratos que levam batatas de vários tipos, batata amarela, batata lisa, batata roxa, e outras com nomes indígenas, como a Saltenha. Na Espanha eles usam muito pratos com porco e na parte mediterrânea eles usam muito peixe, legumes é até parecida com a comida da Grécia, tanto que é chamada de comida mediterrânea, como a paella, frutos do mar como o camarão . No Paraguai tem muitos pratos com milho como a sopa paraguaia, tudo feito com polvilho. "

23. A cultura hispânica é rica na parte do entretenimento, da música (Shakira), artes (Pablo Picasso), personagens (Mafalda), danças (flamenco e Tango), futebol, o que você acha dessa parte da cultura?
"Eu acho que essa cultura é aquilo que é mais típico, e quando você aprende uma língua você tem que entrar em contato de acordo com as suas possibilidades, e quando você se aproxima de alguma comunidade você vai descobrir o que não é só o típico, vai descobrir um pouco de cada coisa e ver outras coisas que não sejam essas típicas. Por exemplo, quando eu tenho contato com pessoas de outros países você não vai ver nenhum desses pratos que a gente comentou, os cantores não vai ser nenhum desses, então esses são as coisas mais promovidas, mais divulgadas em uma promoção turística, mas isso não é representativo em determinado local, a cultura hispânica é muito mais rica. Eles vão destacar esses aspectos gerais, por que para a comunidade escolar, isso não é de conhecimento de todos. É, como sugestão, eu aconselho vocês uma aproximação real, prática com comunidade e que vocês conversem, perguntem quais são realmente os cantores, e vê quais os fatores representativos para eles, talvez vocês  possam achar coisas mais interessantes."

24. Você acha que a população brasileira respeita uma cultura diferente da nossa?
"Eu acho, nós somos muito receptivos, mas não significa que o povo brasileiro não tem muito conhecimento, experiência para lidar com pessoas extrangeiras. Na Europa, os países são pequenos, e nas férias as pessoas viajam muito para outros países, é mais fácil, já estão acostumadas com culturas diferentes."

25. Em relação aos falsos cognatos, já aconteceu alguma coisa atípica no caso do espanhol?
"Muito, no dia dia por exemplo, vejo muitas pessoas falando errado a palavra "esquisito", quando um espanhol viaja pra cá, a primeira coisa que as pessoas falam é "nossa que coisa esquisita" e isso é um elogio, e o brasileiro pensa que "esquisito" é ruim, e "esquisito" é gostosa para os espanhóis. A palavra "tonto", o brasileiro acha que "tonto" é quando a pessoa está zonza, e "tonto" no espanhol é bobo. Normalmente são palavras que para uma língua é uma coisa boa, e na outra é uma coisa ruim."

26. O que você acha da iniciativa do nosso projeto em relação a cultura hispânica?
"Eu acho excelente pelo fato de vocês fazerem um projeto, pessoas que têm inciativa é sempre positivo, mais eu não entendi, vocês vão passar para outras pessoas depois? A gente desenvolve o projeto ao longo do ano, e depois podemos continuar no ano seguinte ou se alguma outra turma tiver interesse a gente deixaria para eles. Depois que vocês saem da escola acaba o projeto? Acaba, mas por isso que estamos pretendendo fazer atividades práticas na escola, como o núcleo de pesquisa sobre a cultura na biblioteca da escola. Eu acredito que esse projeto vai enriquecer muito vocês não só sobre a língua mais também culturalmente, é importante você ter a iniciativa, fazer novas escolhas e oportunidades e eu acho muito admirável, e inclusive usar de exemplo para outras escolas, para isso, precisa desenvolver para que depois possa ser mostrado."

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