domingo, 17 de abril de 2011

Artigo - Parte I: Qual termo usar para identificar os países que falam espanhol?

Durante algumas semanas, será postado aos poucos um capítulo do livro "Anuario Brasileño de Estudios Hispánicos" - Suplemento, El Hispanismo en Brasil. - Abeh 2000, do Ministério de Educación Cultura Y Deporte, Embajada de España en Brasil. Sobre a Cultura Hispânica, a parte I deste artigo escrito por Maria Guadalupe Pedrero-Sánchez, segue abaixo: 

“Cultura Hispânica”, “Mundo Hispânico”, “Ibero-América, “América Latina”, “Hispanidade”,  são expressões, termos, que encerram  um significado específico. O que significa Cultura Hispânica, por exemplo? Como incluir nessa expressão o dinamismo, às vezes contraditório, da vida de gentes tão diferentes e distantes geograficamente? Existe uma identidade “hispânica” satisfatória, clara e realizadora que possa despertar a nossa auto-complacência, o nosso orgulho sem sombras de saber-nos Ibero-americanos, ou
simplesmente hispânicos? Somos capazes de assumir as nossas raízes multiformes em um presente de autêntica construção cultural, positivo e criador?

Estas são algumas questões que se apresentam inicialmente à nossa reflexão. Não existe resposta definitiva para essas questões, porque considero que o conceito “cultura hispânica” é um conceito inacabado, aberto. Pode-se continuar a criar, a construir essa realidade original do nosso estar na História, marcando presença, qualificando uma humanidade que ainda não nos satisfaz plenamente.

O que não se pode negar, e deve ser assumido, se quisermos ser coerentes, é que, a partir de um momento determinado no tempo —1492 ou 1500, por precisar algumas datas de referência— a História colocou em contato povos e civilizações diferentes de um e de  outro lado do Atlântico. Nesse sentido existe um eixo central ou inicial: A descoberta da América. Porém, já a aceitação desse título introduz a polêmica. Descoberta? Encontro de dois mundos? Choque de civilizações? Aniquilamento de culturas autóctones por uma cultura dominante?

A américa foi "descoberta"?
O que não falta são papel e tinta na hora de analisar cada uma dessas expressões, nem gestos concretos de contestação a propostas celebrativas oficiais. Aconteceu em 1992 ao celebrar o Centenário da América espanhola e acontece ao comemorar os 500 anos do Brasil.

Sem entrar nessa polémica carregada de uma forte conotação ideológico-política, convido apenas a se debruçar sobre a janela da história, que não é elucubração do que poderia ter sido, nem do que gostaríamos que fosse, mas o resultado do que foi, porque a herança do presente está irreversivelmente vinculada ao passado, ao nosso passado — desejado ou não — de fusão, de sincretismo, de nova criação cultural.


A partir do século XV surgiu algo novo, o hispânico alongou suas fronteiras, para dar origem a esse vasto e riquíssimo mundo que integrou o castelhano e o português, o asceta, o inca e o guarani e que inclui dos chicanos aos pataxós e mapuches. Dessa síntese de povos, índios e ibéricos, surgiu o que se denomina Cultura Hispânica. “Cultura índia, europeia, africana e oriental —diz Carlos Fuertes em O espelho enterrado — Civilização rica e complexa, que essa sim, pode ser celebrada”.

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