Ollanta Humala e Keiko Fujimori |
O último dia da campanha oficial dos dois candidatos à presidência do Peru teve supercomícios de Ollanta Humala e Keiko Fujimori, com a presença de milhares de partidários. Refletindo a polarização, intensa rivalidade e indefinição nas pesquisas que têm marcado o segundo turno, os palanques de cada candidato estavam distantes apenas 1.500 m e os comícios finais ocorreram quase que simultaneamente.
O dia também foi marcado pela divulgação de uma nova pesquisa de intenção de voto mostrando Keiko com uma ligeira vantagem, mas ainda dentro da faixa de empate técnico. Segundo o instituto de pesquisa Ipsos Apoyo, a conservadora está com 51,1% dos votos válidos e Humala, 48,9%. A acirrada disputa presidencial será decidida no domingo, com uma votação que já vem sofrendo acusações de possíveis fraudes.
Cavalaria: Entre um palco e outro, centenas de policiais patrulhavam as ruas para garantir que os partidários dos candidatos rivais não se encontrassem. Apesar da tensão, o clima no centro da capital era de festa. Aos gritos de "Se siente, se siente, Ollanta presidente", o candidato de centro-esquerda, subiu ao palco vestido de jeans e camisa azul, que passou a vestir após aposentar a vermelha, numa tentativa de deixar sua imagem mais palatável para os eleitores moderados.
Ele estava acompanhado da família, de Alejandro Todelo, ex-presidente peruano e candidato derrotado no primeiro turno, e também de Álvaro Vargas Llosa, filho do mais reconhecido escritor peruano, Mario Vargas Llosa.
Sem medo: Humala pediu que os eleitores não tivessem medo da mudança que ele representava e atacou Keiko, alegando que ela representa a continuidade do governo de seu pai, o ex-presidente Alberto Fujimori, que governou entre 1990 e 2000 e foi condenado em 2009 a 25 anos de prisão por violação de direitos humanos no país.
"É preciso dizer aos eleitores mais jovens o que aconteceu na década de 90, para que a ditadura não seja instalada de novo", disse Humala. "Dizem que queremos mudar a Constituição. Eles já mudaram para fechar o Congresso, não respeitaram a liberdade de expressão e os que pensavam diferente." Vestindo uma camiseta estampada com um grande "O" (de Ollanta), a estudante de direito Diana Pabón, de 29 anos, era uma das mais empolgadas ao lado do palco do nacionalista.
"Sua maior qualidade (de Humala) é representar a mudança. É isso que queremos, pois estamos cansados de tanta corrupção. Ele vai cobrar imposto das grandes empresas e valorizar os que precisam de ajuda", disse. "E o pior da Keiko é aquela equipe que a cerca. Se ela ganha, o que os outros países vão pensar de nós peruanos?"
Ex-rivais: Tomada por bandeiras laranja, a multidão na outra ponta da avenida ouviu Keiko prometer intensificar os programas sociais e anunciar que fariam parte de seu governo os candidatos derrotados do primeiro turno que a estão apoiando, como Pedro Pablo Kucynski.
Acompanhado da mulher, Wilfredo Huarsaya, um professor de matemática de 32 anos, dizia ter certeza que Keiko seria eleita. "Ela merece vencer pela competência que sempre mostrou, desde que assumiu como primeira-dama no governo do pai dela." A mulher do professor, Cristina, logo intervém para acrescentar: "E ela é nova. Todos os jovens merecem uma chance."
O voto feminino tem sido uma grande base de apoio para Keiko, especialmente no segundo turno. "Nossa economia está crescendo há 20 anos, quando se fizeram reformas. Por isso é fundamental que nosso país continue seguindo esse rumo", disse a candidata. Ela também disse ter certeza que Humala recebeu financiamento do presidente venezuelano, Hugo Chávez, tocando em um ponto que é o maior fator de rejeição para seu rival: "Eu não vou permitir ingerências de outros países em nossa soberania."
Da Folha de São Paulo
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