quarta-feira, 8 de junho de 2011

Brasileiros se formam em medicina no exterior, mas não conseguem trabalhar no Brasil


Na classe de uma faculdade de medicina na Bolívia em dia de prova, apenas um aluno era boliviano. Todos os outros eram brasileiros. “Só na minha faculdade, podemos falar em seis mil estudantes brasileiros em Cochabamba, Santa Cruz e Cobija”, afirma o vice-reitor da Universidad Técnica Cosmos (Unitepc), José Teddy.

Por que tanta gente está estudando medicina fora do Brasil? A resposta está na ponta da língua de todo aluno. “É bem mais fácil, a gente não tem vestibular”, declara Michel Mendonça, estudante sul-mato-grossense. “A gente vai pagar, mais ou menos, seis vezes menos do que se pagaria no Brasil”, afirma Pedro Adler, esutdante acreano.

As mensalidades dos cursos de medicina privados no Brasil variam de R$ 2,5 mil a R$ 6 mil. Em uma faculdade de Cobija, fronteira da Bolívia com o Brasil, custa pouco mais de R$ 500. “Meus pais não têm condições financeiras de pagar e nem para me ajudar. Se eu tivesse condições, provavelmente eu estaria fazendo no Brasil. Eu sempre quis fazer medicina, acho que desde que eu me entendo por gente. Então, eu decidi vir para cá”, conta Antônia Maria Cândido, estudante acreana.

Para se manter em Brasiléia, no Acre, a poucos quilômetros da faculdade boliviana, Antônia trabalha como manicure e garçonete. O Brasil é o segundo país com maior número de escolas de medicina, só perde para a Índia. No Brasil, são 180 faculdades de medicina, todas com vestibular. “Eu tive que estudar por conta própria. Passei em algumas faculdades lá, mas não em medicina. Por isso, eu me arrisquei tudo vindo aqui”, diz Anderson Figueiredo, estudante carioca.

Anderson saiu do Rio para estudar medicina e morar em um em Cobija, na Bolívia. “Não fico muito aqui, porque é apertado e quente. É horrível ficar muito tempo aqui. Não tem uma cozinha, não posso te oferecer uma água, porque a água é quente. Então, eu tento passar o máximo de tempo na faculdade”, conta. “Fiquei dois dias com bala de hortelã no estômago. Não tinha dinheiro para o almoço, nem para o lanche. Espero que eu consiga continuar”.

No Brasil, medicina costuma ser o curso mais caro nas universidades e, muitas vezes, o mais concorrido.

A reportagem é de Eduardo Faustini, do Fantástico.

Um comentário:

  1. Esse rapaz chamado Anderson,
    achei meio drama quando vi no Fantastico
    sendo que o fantastico sempre 'expõe' pontos positivos e negativos, mas dessa vez nao foi assim
    foram apenas 'negativos'
    moro em cochabamba nessa epoca do ano ta quente qui, o ensino nao se compara ao Brasil, é muito bom aqui. O preconceito nao é tao grande com brasileiro quando afirmam por ai, porem nao deixa de existir..
    Então para quem quer vim eu apoio completamente!

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