domingo, 19 de junho de 2011

Histórico de erupções do vulcão Puyehue é pouco conhecido

 Erupção do vulcão chileno Puyehue 
A erupção do vulcão Puyehue no Chile, registrada nas últimas duas semanas, é a última de uma série de atividades vulcânicas que desde o ano passado chamam a atenção da mídia internacional pelo impacto sobre a população em nível global. As erupções do vulcão Eyjafjallajokul, no ano passado, e em menor medida a do vulcão Grimsvotn, esse ano, na Islândia, geraram muitos problemas no trafego de aviões no hemisfério norte devido à emissão de abundante cinza vulcânica na parte alta da atmosfera.

Há duas semanas, no hemisfério sul, no Chile, o vulcão Puyehue tem começado uma intensa erupção que tem perdurado até hoje. O vulcão Puyehue, um estratovulcano de ~2240 m.s.n.m., faz parte de um complexo vulcânico maior conhecido como Cordon Caulle, localizado nos Andes no Chile (40.59°S, 72.12°W), aproximadamente 700 km ao sul da capital Santiago. O Cordón Caulle é conhecido por ser uma zona geotérmica muito ativa, que ocupa uma depressão vulcânico-tectônica de 6x13 km. A atividade histórica do vulcão Puyehue é muito pouco conhecida por ele estar afastado dos centros habitados. As últimas importantes erupções aconteceram no período entre os anos de 1914 e 1934, e em 1960, logo depois do terremoto de Valdívia, no Chile, de 9,6 graus na escala Richter, o maior registrado na historia da humanidade.

A última atividade eruptiva do vulcão Puyehue foi precedida por uma crise sísmica nos dias 3 e 4 de junho de 2011, chegando a mais de 230 terremotos por hora com 50 eventos acima de 3 graus na escala Richter. No mesmo dia 4 de junho uma explosão gerou uma coluna de cinza vulcânica de ~12 km de altitude, que foi transportada pelos ventos no território argentino causando queda de cinza e pómices na cidade de San Carlos de Bariloche. A coluna de cinza vulcânica continuou nos dias seguintes e o material vulcânico transportado pelos ventos chegou até o oceano Atlântico, gerando problemas na navegação aérea e causando cancelamentos de mais de 300 vôos entre Argentina, Chile, Brasil e Europa. Nos últimos dias o material vulcânico chegou até a parte alta da atmosfera e foi transportado para o Oeste chegando a causar problemas no tráfego aéreo da Austrália e da Nova Zelândia.


O vulcão Puyehue faz parte da zona vulcânica dos Andes que conta com mais de 200 vulcões ativos. O ambiente geológico dessa região é dominado pelo processo de subducção da placa tectônica chamada de Nazca, embaixo da placa tectônica da América do Sul. Esse processo gera numerosos terremotos e intensa atividade vulcânica que são restritos exclusivamente ao longo da cadeia andina. As outras regiões do continente da América do Sul, em particular o Brasil, resultam ser muito pouco ativas sismicamente e absolutamente livres de qualquer perigo de erupção vulcânica.

O único risco vulcânico potencial nas regiões ao oeste dos Andes é representado pelo material vulcânico emitido que pode ser transportado pelos ventos atmosféricos, gerando problemas no tráfego aéreo, ou se acumular na superfície, causando problemas de contaminação aos cultivos ou ao gado.

Artigo de Massimo Matteini, professor do Laboratório de Geocronologia, do Instituto de Geociências da Universidade de Brasília.

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