Uma das coisas que mais chamam a atenção no El Paso Texas é a decoração. No restaurante, que fica no Terraço Shopping, há vários objetos que remetem à cultura mexicana, incluindo fotos de personalidades mexicanas como Pancho Villa e Emiliano Zapata. O restauranteur David Lechtig conta que a cada viagem que faz traz um enfeite para colocar no estabelecimento. Os funcionários sempre lhe dizem que não há mais espaço para nada, mas David não para de trazer novidades. Tem de tudo: de calotas de carro a laser rondando nas flores do chafariz.
Antes de almoçar, conferi o menu para estar preparado. Fiquei preocupado quando vi que a entrada era ceviche tulum. Ceviche é um prato de origem peruana e consiste basicamente em peixe cru marinado em suco de limão. Nunca fui adepto de comida japonesa justamente porque não gosto muito de peixe cru. O prato, porém, foi a grande surpresa da refeição. O pescado branco sem gordura e de carne firme é delicioso.O processo de marinar no suco de limão dá a impressão que o pescado está meio cozido, o que faz com que a textura passe longe de peixe cru.
Para dar um toque mexicano ao prato, David serve o ceviche de tilápia com tomate, cebola, abacate e pimenta dedo de moça. A pimenta, aliás, era o outro receio do repórter. David me contou que foi obrigado a abaixar a pimenta para o brasiliense se acostumar aos pratos mexicanos. No primeiros anos, segundo ele, houve grande rejeição. O ceviche estava tão gostoso que esqueci da pimenta até que num momento mordi em cheio uma e quase tossi, mas tudo foi acalmado com um gole de margarita. Merecem registro também os crocantes chips feitos a base de milho, primeiro assados e depois fritos.
O prato principal tem arroz, feijão e frango e não é brasileiro, afinal de contas estamos num restaurante mexicano. David disse que ao escolher o prato do festival pensou num que pudesse se adaptar facilmente ao paladar dos brasileiros, não colocando nada muito diferente, como a calda de chocolate com pimenta. O nome do prato é arrachera de pollo campesina, comida de origem simples, dos camponeses mexicanos. O filé de frango é grelhado e servido com um molho picante de tomate e milho, acompanhado por arroz mexicano (bastante colorido) e frijoles refritos (uma espécie de tutu-de-feijão do México), servido numa conchinha de chips.
O que de fato não deixa você esquecer que está comendo um prato mexicano é o guacamole. Para nós que somos acostumados a comer abacate com açúcar, a iguaria pode parecer estranha já que é basicamente um purê de abacate bem temperado. David explica que o melhor tipo de abacate para fazer o guacamole vem de fora, não é esse que costumamos comprar. Eu nunca tinha comido, mas achei um saboroso acompanhamento para a salada de alface.
A sobremesa chegou e o cheiro de canela estava tão bom que começamos a comer sem lembrar que antes era preciso tirar a foto. Sorte que a repórter fotográfica lembrou disso quando só tinha dado a primeira mordida (é por isso que nem dá para ver na foto). Eu já estava na terceira garfada da tortilha de trigo recheada de banana com queijo e coberta com leite condensado. Não era enjoativa e a porção é bem generosa. Durante a semana do Restaurant Week os tacos de cajeta & plátano serão servidos com doce de leite feito no próprio El Paso Texas.
O almoço foi, além de gostoso, muito agradável e engraçado. O peruano David, cujo pai já trabalhou nas Nações Unidas, tem muitas histórias para contar, principalmente das várias viagens que fez pelo mundo e das experiências gastronômicas que teve. Como somos estudantes da UnB, o chef aproveitou também para compartilhar casos do tempo em que fazia publicidade na Faculdade de Comunicação. São hilários. Se ele estiver muito ocupado nesta semana, vale a pena voltar outro dia no restaurante e pedir a companhia dele por uns minutos durante o almoço.
Reportagem de Murilo Rodrigues Alves
Fotos de Mariana Veil
Do Campus Online da UnB
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