quarta-feira, 20 de abril de 2011

Entenda a reforma econômica em Cuba:


Cuba está desvalorizando em cerca de 8% a sua moeda paralela, o peso conversível, utilizada principalmente por turistas e por companhias estrangeiras, como parte dos esforços para reavivar a sua economia. A moeda agora passa a ter paridade com o dólar, mas seguirá valendo 24 pesos convencionais. O peso segue sendo a moeda de fato de Cuba e é a moeda usada para pagar os salários dos cubanos, ainda que muitos moradores já façam inúmeras transações em pesos conversíveis, dentro do sistema do país que utiliza simultaneamente as duas moedas.

A desvalorização, que é a primeira mudança no sistema de câmbio do país em seis anos, chega no momento em que o governo de Cuba está adotando medidas para reduzir o papel do Estado na economia e estimulando a iniciativa privada. Em setembro do ano passado, foi anunciado que 1 milhão de funcionários públicos do país perderiam seus cargos, mas agora acredita-se que as demissões não ocorrerão tão rapidamente quanto se esperava de início. Saiba mais sobre a reforma econômica em Cuba:

Que diferença fará a desvalorização da moeda?
Cuba ficará mais barata para os turistas, que representam uma importante fonte de renda para o país.

Por que Cuba está tomando essas medidas agora?
As medidas foram tomadas após as mudanças anunciadas no primeiro congresso do Partido Comunista de Cuba em 14 anos, que teve início no dia 16 de abril. O congresso deve endossar o projeto de reforma econômica do presidente Raúl Castro.

Peso cubano
Por que o governo sente que mudanças são necessárias?
Porque ele simplesmente não tem mais como arcar com o sistema antigo. A revolução cubana sempre foi financiada por alguma potência externa e o dinheiro internacional agora não está mais entrando. Durante a Guerra Fria, foi a União Soviética que ofereceu petróleo barato para a ilha em troca de açúcar cubano, bem como créditos e empréstimos. Estima-se que Cuba ainda deva um total de US$ 20 bilhões ao que hoje em dia é a Rússia, por conta das benesses oferecidas na era soviética. Agora, Cuba voltou a estar sujeita às vontades dos dois países e os chineses estão pressionando o sucessor de Fidel Castro, seu irmão Raúl, a seguir seu caminho de reformas econômicas.

Quais deverão ser as principais consequências das mudanças?
Se os cortes planejados forem adiante, um em cada cinco trabalhadores do país não será mais um funcionário do governo. No momento, o governo emprega cerca de 85% da força de trabalho que atua no país. Isso não significa que eles ficarão desempregados. Muitos seguirão fazendo o que fazem atualmente, mas o Estado não será mais o seu empregador. Raúl Castro disse que o objetivo é reduzir a folha de pagamento do governo, mas afirmou também que ''ninguém será abandonado ao relento''.

Seria o fim do socialismo cubano?
Que outras mudanças estão sendo adotadas?
O sistema inteiro passará a ser menos paternalista do que no passado. Subsídios que mantinham artificialmente baixos os preços de produtos alimentícios básicos, como açúcar e arroz, estão sendo retirados.

Isso representa o fim do socialismo em Cuba?
Não. Desde que Fidel deixou de comandar o país, em fevereiro de 2008, analistas vinham prevendo que Raúl Castro iria introduzir reformas mais profundas. De fato, a própria data de realização do congresso mostra o quanto a Revolução Cubana é, na maneira de pensar de Raúl Castro, um tema central na vida do país. O encontro do partido teve início no dia em que completou-se 50 anos da batalha da Baía dos Porcos, evento emblemático na história do país, quando exilados cubanos apoiados pelos Estados Unidos foram derrotados em uma tentativa de invadir a ilha e derrubar o regime comunista em vigor no país.

Adaptado da BBC BRASIL - Folha de SP 

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