Almodóvar: o diretor, ícone do cinema espanhol, é destaque na exposição no Instituto Cervantes
Impossível não se lembrar das cores saturadas, dos cenários urbanos e da liberdade de abordagem das questões sexuais apresentadas nos filmes do cineasta Pedro Almodóvar ao se pensar em cinema espanhol. Apesar de ser muito lembrado pelos títulos do diretor de Tudo sobre minha mãe (1999), o cinema feito na Espanha já foi preto e branco, mudo e focado em histórias do interior do país. Essa trajetória histórica é recuperada na exposição de fotografias Cinema espanhol — Uma crônica visual, em cartaz até 10 de dezembro, no Instituto Cervantes.
A mostra contém títulos da cinematografia espanhola desde os primórdios até o avanço pelo mercado internacional feito por cineastas como o próprio Almodóvar, mas também Alejandro Amenábar e Alejandro Iñarritu. Montada quase como um rolo de negativo, contendo vários fotogramas, com fotos em pequeno formato, a mostra abarca desde 1896 até 2006. O intento é levantar o debate em torno da cultura cinematográfica espanhola.
Na introdução do catálogo da mostra, o curador Jesús García de Nueñas, lamenta a falta de uma reflexão teórica consistente na Espanha a respeito da arte cinematográfica, a exemplo do que aconteceu na França e Itália, países em que a crítica manteve diálogo importante com os realizadores e ajudou a solidificar a política de cinema de autor. “O cinema espanhol foi vítima, em primeiro lugar, de uma crítica ácida, empenhada em ressaltar os defeitos mais óbvios a valorizar os acertos reiterados”, escreveu García.
“As análises dos críticos eram pouco positivas. Eles combatiam uma tendência folclórica, de manifestações do interior da Espanha e consideravam que o cinema mais conceituado era o que vinha do exterior. Essa situação já se modificou bastante”, relata Pedro Eusébio, diretor do Cervantes em Brasília.
Boa parte da mudança de aceitação do cinema espanhol no mercado internacional se deve a uma mudança de política cultural dentro do país. “A partir de meados dos anos 1980, experimentamos a grande mudança no cinema, nas artes e na sociedade com a entrada da Espanha na União Europeia.
As parcerias entre diferentes comunidades artísticas da Europa se diluíram, mesmo que não completamente, e algumas barreiras tradicionais foram vencidas. É comum encontrar coproduções reunindo vários países. Essa cooperação ajudou bastante o cinema Espanhol”, relata Eusébio.
Cinema Espanhol — Uma Crônica Visual
De hoje a 10 de dezembro, exposição de fotografias narrando a história do cinema espanhol no Espaço Cultural Instituto Cervantes (707/907 Sul; 3242-0603). Visitação de segunda a sexta-feira, das 8h às 21h; e sábado, das 8h às 14h.
Mostra de Cinema Mexicano Mario Moreno Cantinflas 100 anos
Sexta-feira, às 19h, exibição do filme Sua excelência. No sábado, às 18h, O analfabeto, e às 20h, O grande fotógrafo. No domingo, às 18h, O padrezinho. Classificação indicativa livre. Entrada franca.
Cantinflas homenageado
O Instituto Cervantes também sediará uma mostra especial de filmes do humorista mexicano Cantinflas de sexta-feira a domingo, em comemoração aos 100 anos de nascimento do comediante. Nascido na Cidade do México, Fortino Mario Alfonso Moreno Reyes trabalhou como engraxate, toureiro, motorista de táxi e pugilista antes de se consagrar como ator.
Começou a carreira cinematográfica em No te engañes corazón, de 1936. Daí para a frente, praticamente estrelou um filme por ano até 1981.
Ficou conhecido com personagens como El Peladito e pelo inconfundível bigodinho fino. Porém, uma das características mais marcantes do comediante era complicar tanto uma conversação até conseguir tirar alguma vantagem financeira, conquistar uma mulher ou enrolar autoridades.
Fez três filmes em Hollywood incluindo o clássico A volta ao mundo em 80 dias (1956). Mas, justamente a maneira de falar (o que fez dele consagrado no México) atrapalhou sua carreira nos Estados Unidos. No Cervantes serão exibidos Sua excelência, O analfabeto, O grande fotógrafo e O padrezinho, títulos produzidos durante a décadas de 1950 e 60. Cantinflas morreu em 1993.
Yale Gontijo, "Eu, Estudante"
Nenhum comentário:
Postar um comentário